sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O que é Igreja

FORMAÇÃO PARA MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA SAGRADA COMUNHÃO
Paróquias: São José, Santa Luzia, Santo Antônio, N.S. do Livramento e N.S. dos Navegantes
- 2012 -
O QUE É A IGREJA?
A igreja é aqui na terra o corpo místico de Cristo. Nesta visão, é chamada igreja invisível, a que tem vida interior, espiritual.Cristo é a cabeça desse corpo. Dá-se o nome de Igreja Local ao grupo de pessoas ­ chamadas de membros - unidas na mesma fé em Cristo Jesus, que se reúnem regularmente em determinado lugar, sob a coordenação e direção de um chefe espiritual. Neste caso, chama-se igreja visível, ou seja, a igreja institucional, organizada, formal, terrena. Individualmente, o membro da igreja não é igreja. O termo “igreja” foi mencionado pelo Salvador em duas ocasiões:
1) “E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Marcos 16.18). “Tu és Pedro” (“petros”, palavra grega designativa de pequenos blocos rochosos, fragmentos de rocha, pedras pequenas, pedras de arremesso).
2) Entre Cristo e a Igreja existe plena comunhão (Mateus 18.20; Marcos 16.15-18).“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9). Esse entendimento de igreja como povo de Deus foi amplamente discutida no Vaticano II na CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA “LUMEN GENTIUM”, SOBRE A IGREJA, no CAPÍTULO I - Assim a Igreja toda aparece como «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.(baixe o material completo aqui)
O SACERDÓCIO COMUM
Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um «reino sacerdotal para seu Deus e Pai». Na verdade, os batizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (1 Ped. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (At., 2, 42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (Roma 12,1), dêem testemunho de Cristo em toda a parte e dêem razão da esperança da vida eterna que neles habita (1 Ped. 3,15). .O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo às vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa.
O CAPÍTULO IV DA “LUMEM GENTIUM”- OS LEIGOS
CARÁTER PECULIAR DOS LEIGOS
As funções daqueles fiéis cristãos que se chamam leigos. Com efeito, todas as coisas que se disseram a respeito do Povo de Deus se dirigem igualmente aos leigos, aos religiosos e aos clérigos, algumas, contudo, pertencem de modo particular aos leigos, homens e mulheres, em razão do seu estado e missão; e os seus fundamentos, devido às circunstâncias especiais do nosso tempo, devem ser mais cuidadosamente expostos. Os sagrados pastores conhecem, com efeito, perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Pois é necessário que todos, «praticando a verdade na caridade, cresçamos de todas as maneiras para aquele que é a cabeça, Cristo; pelo influxo do qual o corpo inteiro, bem ajustado e coeso por toda a espécie de junturas que o alimentam, com a ação proporcionada a cada membro, realiza o seu crescimento em ordem à própria edificação na caridade (Ef. 4, 15-16).
A VOCAÇÃO DO LEIGO NA IGREJA
Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se no mundo. É própria e peculiar dos leigoso estado secular (presente no mundo). Mesmo que, os padres e religiosos, membros da sagrada Ordem, ainda que algumas vezes possam tratar de assuntos seculares, exercendo uma profissão profana, devem dedicar-se unicamente ao sagrado ministério.
Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.
UNIDADE NA DIVERSIDADE
A santa Igreja, por instituição divina, é organizada e governada com uma variedade admirável. «Assim como num mesmo corpo temos muitos membros, e nem todos têm a mesma função, assim, sendo muitos, formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros» (Rom. 12, 4-5). Um só é, pois, o Povo de Deus: «um só Senhor, uma só fé, um só Batismo (Ef. 4,5); comum é a dignidade dos membros, pela regeneração em Cristo; comum a graça de filhos, comum a vocação à perfeição; uma só salvação, uma só esperança e uma caridade indivisa. Nenhuma desigualdade, portanto, em Cristo e na Igreja, por motivo de raça ou de nação, de condição social ou de sexo, porque «não há judeu nem grego, escravo nem homem livre, homem nem mulher: com efeito, em Cristo Jesus, todos vós sois um» (Gál. 3,28;Col. 3,11).
Portanto, ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são, contudo, chamados à santidade, e a todos coube a mesma fé pela justiça de Deus (2 Ped. 1,1). Ainda que, por vontade de Cristo, alguns são constituídos doutores, dispensadores dos mistérios e pastores em favor dos demais, reina, porém, igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à atuação, comum a todos os fiéis, em favor da edificação do corpo de Cristo. A distinção que o Senhor estabeleceu entre os ministros sagrados e o restante Povo de Deus, contribui para a união, já que os pastores e os demais fiéis estão ligados uns aos outros por uma vinculação comum: os pastores da Igreja, imitando o exemplo do Senhor, prestem serviço uns aos outros e aos fiéis: e estes dêem alegremente a sua colaboração aos pastores e doutores. Deste modo, todos testemunham, na variedade, a admirável unidade do Corpo místico de Cristo: a própria diversidade de graças, ministérios e atividades, consagra em unidade os filhos de Deus, porque «um só e o mesmo é o Espírito que opera todas estas coisas» (1Cor. 12,11).
O APOSTOLADO DOS LEIGOS
Unidos no Povo de Deus, e constituídos no corpo único de Cristo sob uma só cabeça, os leigos, sejam quais forem, todos são chamados a colocar todas as forças que receberam da bondade do Criador e por graça do Redentor, para o crescimento da Igreja e sua contínua santificação. O apostolado dos leigos é participação na própria missão salvadora da Igreja, e para ele todos são destinados pelo Senhor, por meio do Baptismo e da Confirmação. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam aquele amor para com Deus e para com os homens, que é a alma de todo o apostolado.
Mas os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra. Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida concedida por Cristo» (Ef. 4,7). Além deste apostolado, que diz respeito a todos os fiéis, os leigos podem ainda ser chamados, por diversos modos, a uma colaboração mais imediata no apostolado da Hierarquia à semelhança daqueles homens e mulheres que ajudavam o apóstolo Paulo, trabalhando muito no Senhor (Fil. 4,3; Rom. 16,3 ss.). Têm ainda a capacidade de ser chamados pela Hierarquia a exercer certos cargos eclesiásticos, com finalidade espiritual. Incumbe, portanto, a todos os leigos a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação atinja cada vez mais os homens de todos os tempos e lugares. Esteja-lhes, pois, amplamente aberto o caminho, a fim de que, segundo as próprias forças e as necessidades dos tempos, também eles participem com ardor na ação salvadora da Igreja.
Jesus, querendo também por meio dos leigos continuar o Seu testemunho e serviço, vivifica-o pelo Seu Espírito e sem cessar os incita a toda a obra boa e perfeita. E assim, àqueles que Intimamente associou à própria vida e missão, concedeu também participação no seu múnus sacerdotal, a fim de que exerçam um culto espiritual, para a glória de Deus e salvação dos homens. Por esta razão, os leigos têm uma vocação admirável e são instruídos para que os frutos do Espírito se multipliquem neles cada vez mais abundantemente. Pois todos os seus trabalhos, orações e empreendimentos apostólicos, a vida conjugal e familiar, o trabalho de cada dia, o descanso do espírito e do corpo, se forem feitos no Espírito, e as próprias incomodidades da vida, suportadas com paciência, se tornam em outros tantos sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Ped. 2,5); sacrifícios estes que são piedosamente oferecidos ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor, na celebração da Eucaristia. E deste modo, os leigos, agindo em toda a parte santamente, como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo.
A CONFERÊNCIA DE APARECIDA NOS REVELA:
Os chamados ao serviço a Cristo e aos irmãos; discípulos missionários por vocação:Deus nos revela seu projeto de vida. Deste Deus – que é seu Pai – Jesus afirmará que “não é um Deus de mortos,mas de vivos” (Mc 12,27).Nestes últimos tempos, Ele nos tem falado por meio de Jesus seu Filho (Hb 1,1ss), com quemchega a plenitude dos tempos (Gl. 4,4). Deus, que é Santo e nos ama, nos chama por meio de Jesus a ser santos (Ef 1,4-5).
O chamado que Jesus, o Mestre faz, implica numa grande novidade. Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamentea Ele porque é a fonte da vida (Jo 15,1-5) e só Ele tem palavra de vida eterna (Jo 6,68). Naconvivência cotidiana com Jesus e na confrontação com os seguidores de outros mestres, osdiscípulos logo descobrem duas coisas originais no relacionamento com Jesus. Por um lado, nãoforam eles que escolheram seu mestre. Foi Cristo quem os escolheu. E por outro lado, eles não foramconvocados para algo, mas para Alguém, escolhidos para se vincular intimamente a sua pessoa (Mc 1,17; 2,14). Jesus os escolheu para “que estivessem com Ele e paraenviá-los a pregar” (Mc 3,14), para que o seguissem com a finalidade de “ser d’Ele” e fazer parte “dosseus” e participar de sua missão. O discípulo experimenta que a vinculação íntima com Jesus nogrupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para assumir seu estilo de vida e suas motivações (Lc 6,40b), viver seu destino e assumir sua missão de fazer novas todasas coisas.
Com a parábola da Videira e dos ramos (Jo 15,1-8), Jesus revela o tipo de vínculo que Eleoferece e que espera dos seus. Não quer um vínculo como “servos” (Jo 8,33-36), porque “o servonão conhece o que faz seu senhor” (Jo 15,15). O servo não tem entrada na casa de seu amo, muitomenos em sua vida. Jesus quer que seu discípulo se vincule a ele como “amigo” e como “irmão”. O“amigo” ingressa em sua Vida, fazendo-a própria. O amigo escuta a Jesus, conhece ao Pai e faz fluirsua Vida (Jesus Cristo) na própria existência (Jo 15,14), marcando o relacionamento com todos (Jo 15,12).
O discípulo, por participação ( Jo 10,10). A consequência imediata deste tipo devínculo é a condição de irmãos que os membros de sua comunidade adquirem.Jesus faz dos discípulos seus familiares, porque compartilha com eles a mesma vida que procededo Pai e lhes pede, como discípulos, uma união íntima com Ele, obediência à Palavra do Pai, paraproduzir frutos de amor em abundância. Dessa forma o testemunho de São João no prólogo de seuEvangelho:”A todos aqueles que crêem em seu nome, deu-lhes a capacidade para serem filhos deDeus”, e são filhos de Deus que “não nascem por via de geração humana, nem porque o homem odeseje, mas sim nascem de Deus” (Jo 1,12-13).
A resposta a seu chamado exige entrar na dinâmica do Bom samaritano (Lc 10,29-37), quenos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente com o que sofre, e gerar uma sociedadesem excluídos, seguindo a prática de Jesus que come com publicanos e pecadores (Lc 5,29-32),que acolhe os pequenos e as crianças (Mc 10,13-16), que cura os leprosos (Mc 1,40-45), queperdoa e liberta a mulher pecadora (Lc 7,36-49; Jo 8,1-11), que fala com a Samaritana (Jo 4,1-26). Identificar-se com Jesus Cristo é também compartilhar seu destino: “Onde eu estiver, aí estarátambém o meu servo” (Jo 12,26). O cristão vive o mesmo destino do Senhor, inclusive até a cruz: “Sealguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, carregue a sua cruz e me siga” (Mc 8,34). Estimula-noso testemunho de tantos missionários e mártires de ontem e de hoje em nossos povos que temchegado a compartilhar a cruz de Cristo até a entrega de sua vida.
A Virgem Maria é a imagem esplêndida da conformação ao projeto trinitário que se cumpre emCristo. Desde a sua Concepção Imaculada até sua Assunção, recorda-nos que a beleza do ser humanoestá toda no vínculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na respostapositiva que lhe damos.
Jesus saiu ao encontro de pessoas em situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres ericos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores... convidando-os a segui-los. Hoje, segue convidandoa encontrar n’Ele o amor do Pai. Por isto mesmo, o discípulo missionário há de ser um homem ouuma mulher que torna visível o amor misericordioso do Pai, especialmente aos pobres e pecadores.Ao participar desta missão, o discípulo caminha para a santidade. Vive-la na missão o conduz aocoração do mundo. Por isso, a santidade “não é uma fuga para o intimismo ou para o individualismoreligioso, muito menos um abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos,sociais e políticos do mundo e, muito menos, uma fuga da realidade para ummundo exclusivamente espiritual”.
A Igreja, como “comunidade de amor” é chamada a refletir a glória do amor de Deus que écomunhão e assim atrair as pessoas e os povos para Cristo. No exercício da unidade desejada porJesus, os homens e mulheres de nosso tempo se sentem convocados e recorrem à formosa aventurada fé. “Que também eles vivam unidos a nós para que o mundo creia” (Jo 17,21). A Igreja cresce, nãopor proselitismo mas “por ‘atração’: como Cristo ‘atrai tudo a si’ com a força de seu amor”. AIgreja “atrai” quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amaremuns aos outros como Ele nos amou (Rm 12,4-13; Jo 13,34).A Igreja peregrina vive antecipadamente a beleza do amor que se realizará no final dos temposna perfeita comunhão com Deus e com os homens.
A Igreja é comunhão no amor. Esta é sua essência através da qual é chamada a ser reconhecidacomo seguidora de Cristo e servidora da humanidade. O novo mandamento é o que une os discípulosentre si, reconhecendo-se como irmãos e irmãs, obedientes ao mesmo Mestre, membros unidos àmesma Cabeça e, por isso, chamados a cuidarem uns dos outros (1 Cor 13; Cl 3,12-14).No povo de Deus “a comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si... A comunhão émissionária e a missão é para a comunhão”. Nas igrejas locais todos os membros do povo de Deus,segundo suas vocações específicas, são convocados à santidade na comunhão e na missão.
A diocese, lugar privilegiado da comunhão: A vida em comunidade é essencial à vocação cristã. O discipulado e a missão sempre supõe opertencimento a uma comunidade.
Reflexão:1. Para que Deus me chama quando me sinto chamado ao Ministério da Sagrada Comunhão?
DIOCESE DE TIANGUÁ
CARTA PASTORAL
“VÓS SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS”
(At 1, 8)
Dom Francisco Javier Hernández Arnedo, OAR -2011



CRIAÇÃO DA DIOCESE
A Diocese de Tianguá foi criada pelo Papa Paulo VI, em 13 de março de 1971, por meio da Bula QuiSummopere, que também incluía a criação das Dioceses de Itapipoca e Quixadá. O autor do nosso projeto foi Dom Walfrido Teixeira Vieira, Bispo de Sobral, secundado pelos bispos do Regional Nordeste I da CNBB. A Diocese de Tianguá foi erigida, oficialmente, no dia 22 de agosto de 1971 por Dom Walfrido Teixeir Vieira, que deu posse, no mesmo dia, ao 1º Bispo diocesano, Dom Frei Timóteo Francisco Nemésio Cordeiro. O território da nova diocese foi desmembrado, na sua totalidade, do território da Diocese de Sobral e como sede própria, na condição de Catedral, foi designada a Igreja matriz de Sant’Ana, em Tianguá.
Nossa Igreja Particular nasceu à sombra do Concílio Vaticano II e no momento em que a América Latina, concluída a III Conferência em Medellín (1968), ensaiava os primeiros passos na aplicação da desejada renovação conciliar.
Na IIIª Conferência do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), em Medellín (1968), a reflexão conciliar sobre a Igreja ganha expressões mais definidas e concretas, ao contemplá-la à luz da imagem de “Povo de Deus”. Suas determinações influenciaram vivamente as igrejas do continente que passaram a compreender com maior realismo a natureza da Igreja e sua missão salvadora a favor de um ser humano marcado por extremas condições de pobreza e formas gritantes de exclusão. O Povo de Deus “congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (LG4)  é, também, um povo peregrino que vive da esperança, mas que está marcado, também, pelo sofrimento, quando não por degradantes condições de atraso e opressão. Esta Igreja, que tem consciência da fundamental dignidade e igualdade de todos os filhos e filhas de Deus, decide fazer sua “Opção Preferencial” pelos pobres, reclamando o devido reconhecimento do valor e da capacidade que os assiste de serem protagonistas de sua própria história.
AVANÇANDO NO CAMINHO
Construir uma Igreja Particular, viva, dinâmica, encarnada numa realidade concreta, é sempre uma aventura apaixonante, mesmo que, tantas vezes, seja uma tarefa sofrida e desgastante. Na verdade, não é fácil plasmar uma Igreja “mistério de comunhão” em belas formas, quando os moldes comunitários são frágeis e limitados. Como também é difícil sustentar, na prática, as sérias conseqüências que se derivam do conceito de Igreja-Povo de Deus, na hora de construir uma comunidade eclesial participativa e ministerial. Mas, se os pastores forem fortes, as mudanças acontecem.
Construindo uma Igreja de comunhão, com “comunidades vivas e dinâmicas” que sirvam à missão (DSD 54 ss.). A Igreja Particular, como comunhão orgânica com diversidade de carismas e ministérios. A Paróquia, constituída em “rede de comunidades”, com estrutura setorial e capacitando agentes de pastoral. As Comunidades de Base, com reconhecida validade (EN 58) de serem “privilegiados centros de evangelização”, ”preparando animadores leigos que as acompanhem” (DSD 63). A Diocese de Tianguá tomou a sério estas recomendações e cuidou de abrir novos caminhos, tomando a decisão (Assembléia de 1994) de iniciar um processo descentralizador na organização pastoral. Confirmo que estamos nesse processo:
  1. Divisão da Diocese em Regiões Pastorais (3).
  2. Divisão das Paróquias em Setores (110).
  3. Organização da Diocese em “Rede de Comunidades”: 15 Paróquias e 630 Comunidades de Base.
  4. Criação de 10 Áreas Missionárias, 7 delas entregues a Religiosas.
  5. Implantação dos Conselhos comunitários de Pastoral, nas paróquias e CEBs., como melhor instrumento de comunhão e participação.
3. Uma Igreja, toda ela Ministerial, que assume em co-responsabilidade a tarefa da evangelização. “Existimos e servimos a uma Igreja rica em ministérios” (DSD 65 ss.). Servir é a postura normal que caracteriza ao cristão, como foi a postura de Jesus (Mt 20,28). Todo cristão deve encontrar sua condição ministerial, porquanto “cada um recebe o dom do Espírito para o bem comum” (1Cor 12, 7). O documento de Santo Domingo recomenda cuidar do ministério dos presbíteros e pede que eles se aproximem do povo como solícitos pastores (DSD 74). Dá importância aos Diáconos Permanentes, dizendo que “eles valem pelo que são e não pelo que fazem” (DSD 77). E sobre os Ministérios não ordenados (DSD 101) solicita abrir uma ampla participação aos leigos para responder às necessidades de muitas comunidades. E a nossa Igreja de Tianguá respondeu com generosidade a este apelo e continuaremos a colocar o maior empenho por desenvolver esta dimensão ministerial da nossa Igreja:
A) Nos Ministérios ordenados:
1. Presbíteros ( 23 ordenações)
2. Diáconos Permanentes (Em processo, 14 candidatos).
B) Nos Ministérios não-ordenados: contemplamos na vida da Igreja local:
3. Ministério da Palavra para o Culto Dominical.
4. Ministério da Comunhão Eucarística e da Esperança.
5. Ministério da Coordenação Pastoral (áreas mission. e Setores)
6. Ministério do Batismo.
7. Ministério da Catequese para a Iniciação cristã (previsto).
8. Ministério do Anúncio Missionário (p/ a missão permanente).
4. Uma Igreja Missionária, disposta a anunciar o Reino de Deus a todos os povos (DSD 121 ss.). O documento convida as Igrejas Particulares a que introduzam a animação missionária em seus planos de pastoral e assumam com valentia o envio de missionários sacerdotes e leigos além fronteira (DSD 128). E a Igreja de Tianguá respondeu com alegria, encaminhando a:
  1. Formação do Conselho Missionário Diocesano – COMIDI.
  2. Formação dos Conselho Missionário Paroquial – COMIPAS em função do Projeto da ‘Missão Permanente’, inicialmente aplicado entre 2009 a 2011.
  3. Formação programada de Missionários para a Missão Permanente.
  4. Ministério do Anúncio Missionário (Previsto).
  5. Presença de 7 comunidades religiosas femininas nas Áreas Missionárias.
5. Uma Igreja que valorize a identidade e missão dos leigos. Valorizar o leigo como verdadeiro protagonista da vida e da missão da Igreja. Eis um ponto fundamental na atual estratégia pastoral da Igreja, hoje.  No conceito de Igreja “Povo de Deus”, encontramos o despertar da consciência laical ao ser reconhecida sua dignidade fundamental de filho de Deus e membro nato da Igreja, pelo batismo, e do valor da sua co-responsabilidade na missão, pela crisma. Esta teologia está presente em todos os documentos da Igreja e desejamos que esteja, também, bem gravada na mentalidade de nossos pastores. Na nossa Diocese, testemunhamos que os leigos cresceram muito entre nós, tanto na formação, como pela participação responsável nos trabalhos pastorais e nos organismos de comunhão. Nossos leigos estão pressentes:
  1. Nos Conselhos Diocesano e Paroquiais de Pastoral.
  2. No Conselho Administrativo Diocesano.
  3. Nas Coordenações pastorais.
  4. Nos Movimentos laicais.
  5. Nos Ministérios não ordenados.
  6. Articulados no Conselho de Leigos
Temos consciência que os esforços por construir uma Igreja comunitária, ministerial e missionária deixam-nos em franca sintonia com o modelo de igreja que o Concilio nos legou e que os documentos de Medellin, Puebla e Santo Domingo perfilaram com as peculiares características latino-americanas.. E isto nos deixa satisfeitos e até orgulhosos.
Percebemos, assim, que, por detrás dos atuais documentos programáticos da Igreja, reaparecem sempre as conhecidas intuições iluminadoras do Vaticano II, quando se referia à Igreja como Mistério de Comunhão, Povo de Deus e Sacramento de Salvação. É a Igreja que desejamos compreender em profundidade e construir com afinco na vida pastoral da nossa Diocese. O caminho iniciado não pode parar. Por isso, conclamo a todos, fiéis e pastores da nossa Igreja, a retomar com novo ardor e criatividade a nova etapa evangelizadora que nos corresponde assumir.

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