sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

SANTÍSSIMA TRINDADE E MARIA


SANTÍSSIMA TRINDADE
A Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.Para os seus defensores, é um dos dogmas centrais da fé cristã, e considerado um mistério. Tais denominações consideram-se monoteístas.O Judaísmo e o Islamismo, bem como algumas denominações cristãs, não aceitam a doutrina trinitária.
A EVOLUÇÃO DO DOGMA
Desde o acontecimento pascal e sua proclamação catequética - génese da experiência e da reflexão trinitária - até à formulação conceitual do mistério trinitário, um longo percurso foi trilhado. Na verdade, desde a proclamação primitiva da morte e ressurreição de Jesus de Nazaré, passando pelas primeiras afirmações do Novo Testamento da plena divindade de Jesus, da personalidade do Espírito Santoe o surgir das primeiras fórmulas trinitáriasaté ao Credo niceno-constantinopolitano, um tortuoso caminho foi percorrido pelas primeiras gerações de cristãos.
Defensores da doutrina trinitária afirmam que a Igreja primitiva já acatava plenamente essa ideia, com base nos escritos de Inácio de Antioquia, "Carta aos Efésios", 9, 1; 18, 2, e na "Primeira Carta de Clemente Romano" 42; 46, 6. Mas, do ponto de vista histórico, um dos primeiros a utilizar, no Ocidente cristão, o termo "Trindade", para expressar a ideia de que a unidade divina existiria em três pessoas distintas, foi Tertuliano. No início do século III, em sua obra "AdversusPraxeas" (2,4; 8,7), ele utilizou o termo latino de "trinitas". Antes disso, e no Oriente cristão, só há o registo do termo grego "Τριας" nos escritos de Teófilo de Antioquia ("Três Livros a Autolycus", 2, 15) redigidos por volta do ano de 180 d.C.
Na realidade, mais do que a partir da especulação teórica e abstrata - que mais tarde viria a ser preponderante, a afirmação teológica da "Trindade" ocorreu sobretudo a partir do uso dos textos bíblicos em ambiente litúrgico eclesial. Esta doutrina, de fato, foi-se apoiando e alicerçando no âmbito da práxis baptismal.
Somente depois da pacificação do Império Romano, sob Constantino I, é que ocorreu aquela convergência de fatores - a paz, as facilidades de comunicação e diálogo entre as diversas Igrejas e teólogos, entre outros - que permitiu a elaboração de um edificio conceitual - a definição precisa das noções de "ousia"/"natureza", "hipostasis"/"pessoa", "homoousios"/"consubstancialidade", bem como a sua mútua relação e aplicação teológica - apto para a descrição e explanação da Divindade revelada em Jesus Cristo.



Ícone oriental que representa Constantino I entre os padres reunidos no Primeiro Concílio de Niceia: com o texto do credo de Niceia.
OS SÍMBOLOS DE FÉ
A primeira formulação dogmática do pensamento teológico cristão trinitário, no que concerne à relação entre cada uma das três Pessoas divinas,que negava a divindade plena do Filho -, bem como pelo Primeiro Concílio de Constantinopla de 381 - realizado para, em oposição aos pneumatómacos, afirmar a plena divindade pessoal do Espírito Santo - e apresentada no credo de Atanásio (depois de 500 d.C.).
Estes credos foram progressivamente formulados e ratificados pela Igreja dos séculos III e V, em reação a noções algumas delas envolvendo a natureza da Trindade, a posição de Cristo nela e a divindade do Espírito, tais como as do arianismo, do docetismo, do modalismo e a dos pneumatómacos - nome dado àqueles que negavam a divindade pessoal da terceira pessoa da Trindade, que foram depois declaradas como heréticas na medida em que atentariam contra o essencial da Revelação. Estes credos foram mantidos não só na Igreja Católica e Ortodoxa, mas também, de algum modo, pela maioria das igrejas protestantes, sendo inclusive citados na liturgia de igrejas luteranas e Igrejas Reformadas.
O credo de Niceia, que é uma formulação clássica desta doutrina, usou o termo "homoousia" (em Grego: da mesma substância) para definir a relação entre as três pessoas. A ortografia desta palavra difere em uma única letra grega, "iota", da palavra usada por não-trinitários do mesmo tempo, "homoiousia", (Grego: de substância semelhante): um fato que se tornou proverbial, a ponto de certos adversários do cristianismo nessa época afirmarem que os cristãos se digladiavam por causa de uma vogal,ilustrando assim as profundas divisões ocasionadas por aparentemente pequenas imprecisões, especialmente em Teologia.
Pelo menos a Igreja Católica anuncia e ensina o mistério da Santíssima Trindade com base em citações bíblicas, mas desencoraja uma profunda investigação no sentido de querer decifrá-lo.Santo Agostinho, grande teólogo e doutor da Igreja, tentou e esforçou-se exaustivamente por compreender e desvendar este enigma. Após muito tempo de reflexão, esforço e trabalho, chegou à conclusão que nós, devido à nossa mente extremamente limitada, nunca poderíamos compreender e assimilar plenamente a dimensão (infinita) de Deus somente com as nossas próprias forças e o nosso raciocínio. Concluiu que a compreensão plena e definitiva deste grande enigma só é possível quando, na vida eterna, nos encontrarmos no Paraíso com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
As três pessoas da Santíssima Trindade estabelecem uma comunhão e união perfeita, formando um só Deus, e constituem um perfeito modelo transcendente para as relações interpessoais. Elas possuem a mesma natureza divina, a mesma grandeza, sabedoria, poder, bondade e santidade, mas, em algumas vezes, certas atividades são mais reconhecidas em uma pessoa do que em outra. As funções, as suas principais atividades desempenhadas e o seu modo de operar está registrado nas Sagradas Escrituras e claramente resumido no Credo Niceno-Constantinopolitano, o credo oficial de muitas denominações cristãs.
  • PAI – Não foi criado nem gerado. É o "princípio e o fim, princípio sem princípio" da vida e está em absoluta comunhão com o Filho e com o Espírito Santo. Foi o Pai que enviou o seu Filho, Jesus Cristo, para salvar-nos da morte espiritual. Isto revela o amor infinito de Deus sobre os homens e o não-abandono aos seus filhos adotivos. O Pai, a primeira pessoa da Trindade, é considerado como o pai eterno e perfeito. É atribuído a esta pessoa divina a criação do mundo.
  • FILHO – Eterno como o pai e consubstancial (pertencente à mesma natureza e substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado na eternidade da substância do Pai. Encarnou-se em Jesus de Nazaré, assumindo assim a natureza humana. O Filho, a segunda pessoa da Trindade, é considerado como o Filho Eterno (Filho sob a ótica humana no sentido de que se tornando homem, deixou sua divindade, tornando-se totalmente dependente de Deus), com todas as perfeições divinas: a Ele é atribuída a redenção (salvação) do mundo.
  • ESPÍRITO SANTO– Não foi criado nem gerado. Esta pessoa divina personaliza o Amor íntimo e infinito de Deus sobre os homens, segundo a reflexão de Agostinho. Manifestou-se primeiramente no Batismo e na Transfiguração de Jesus e plenamente revelado no dia de Pentecostes. Habita nos corações dos fiéis e estabelece entre estes e Jesus uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, é considerado como o puro nexo de amor. Atribui-se a esta pessoa divina a santificação da Igreja e do mundo com os seus dons.
A palavra utilizada, "Prosopon" (do grego antigo πρόσωπον; plural: πρόσωπα - prosopa) é o grego para designar "pessoa." O significado original da palavra foi-se alterando com o tempo, e o contexto de prosopon deve ser observado originalmente como "aparência, aspecto exterior visível, de um ser humano, animal ou coisa", podendo ser compreendido como "rosto" ou "face" externa do que seria o ser, uma pessoa ou coisa, tendo contudo muito a diferençar do que seria a personalidade, a psique, o âmago da apresentação do ser, que é bem mais complexo. Como J. Cabral prefere,prosopon, no contexto da Santíssima Trindade, pode ser compreendido como "três manifestações ou revelações que Deus fazia de Si ao Mundo".
O termo é utilizado para a "automanifestação de um indivíduo" que pode ser estendido por meio de outras coisas. Como um pintor que expressa sua prosopon por meio do seu pincel.Prosopon é a forma no qual a hypostasis se manifesta, aparece. Toda natureza e hipóstase tem sua "face", sua prosopon. Ela concede expressão à realidade da natureza com seus poderes e características.
Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez eu estava ali, e agora o Senhor DEUS me enviou a mim, e o seu Espírito.Assim diz o SENHOR [Iavé],o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o SENHOR teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar. (Isaías 48:16-17)
“Chegai-vos a mim. Ouvi isto. Desde o começo, absolutamente não tenho falado num esconderijo. Estive ali desde o tempo da sua ocorrência.” E agora me enviou o próprio Soberano Senhor Javé, sim, seu espírito. Assim disse Javé, teu Resgatador, o Santo de Israel: “Eu, Javé, sou teu Deus, Aquele que te ensina a tirar proveito, Aquele que te faz pisar no caminho em que deves andar. (Tradução do Novo Mundo)
J Cabral explica que "Jesus e Javé (não Jeová) se fundem" no trecho de Isaías supra, e enquanto apresenta-se como o que foi enviado, da mesma forma apresenta-se como o próprio que enviou o Redentor e o seu Espírito.
Os trinitários, refutando a apresentação dos unitários, sustentada principalmente em Deuteronômios 6:4, “Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová", discorrem sobre a "unidade composta" de Deus.Certos unitários concebem Jesus como um anjo criado, negando-lhe a natureza Divina, enquanto outros o vêem apenas como um homem perfeito ou dotado de um caráter exemplar, modelar, embora rejeitem a sua pré-existência e divindade.Os trinitarianos refutam o entendimento, dado por alguns unitários em suas cartilhas catequéticas, de que a Santíssima Trindade seriam três deuses, o que consideram uma provocação insultuosa ao credo monoteísta.Os unitários entendem que o citado versículo ("Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor") excluiria o Filho da divindade e da unidade com o Pai. Os trinitários reagem que aceitam e concordam que: há um só YHVH, e que o presente versículo em nada ofende, mas ajuda a explicar o conceito de unidade composta, fortalecendo o entendimento sobre referido dogma.
"Ouve, Israel, o Senhor (YHVH) nosso Deus é o único (echad) Senhor (YHVH)".
A palavra hebraica originalmente usada para chamar YHVH de "único" é "echad", que é pronunciada "errad". Echad é a palavra usada para expressar unidade composta. Quando se deseja expressar a unidade absoluta, a palavra usada é "yachid", que tem a pronúncia "yarrid".
Também Faraó teve "um" sonho que tinha "dois" acontecimentos que o intrigaram e José, antes de interpretar, disse: o sonho é "um" (echad) só, dando clara conotação que Faraó tivera "dois" sonhos em "um", ou "um" sonho sobre um "evento" com duas personificações que diziam a mesma verdade. Percebeu José que o sonho era "um só", usando o termo "echad" que significa um conjunto fazendo "uma unidade".
Para que seja mais bem compreendido o termo echad, em Gênesis 2:24, o homem deve[ria] "deixar seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne". Nesse versículo novamente encontra-se o termo "uma carne" empregada como unidade (echad), significando unidade composta.
Se o texto quisesse expressar a unidade absoluta, teria usado a palavra "yachid". Marido e mulher são pessoas distintas, entretanto, no plano espiritual, seus corpos sendo unos.
Como no caso de marido e mulher, há existência de pessoas distintas, contudo eles se fazem "um", no que a Bíblia denomina de "mistério". Não há um maior que o outro no enlace do casamento, mas um deles é considerado o "pai de família", enquanto o outro é denominado: "ajudadora" ou "sua costela"; contudo o texto dá entendimento que saíram do mesmo "corpo" adâmico e devem andar lateralmente, nem atrás, nem à frente, mas em unidade composta e "igual", como um só.
Ao contrário do que os trinitários afirmam, a palavra אחד - echad não significa "unidade composta", essa palavra funciona como a palavra "um" no português. Sendo assim a palavra "echad", para chamar YHVH (ou Jeová, em português), significa "unidade absoluta".- Echad: palavra hebraica que corresponde a palavra UM na língua portuguesa.
Como havia a tradição dos escribas na transcrição dos pergaminhos letra por letra, não acreditam os trinitários que houvesse "erro" ou "acidente", contudo destinava-se ao propósito de referir-se ao Deus único em pluralidade de pessoas. Desta forma é aceito pelos que crêem na Santíssima Trindade que Pai, Filho (Jesus) e Espírito Santo são a unidade plural de YHVH, pois o único (echad) Elohim (Deus) é YHVH.

MARIOLOGIA

É o conjunto de estudos teológicos acerca de Maria, mãe de Jesus Cristo na Igreja Católica, que visa salientar a importância da figura de Maria e a profunda a crença dos fiéis nela, com o objetivo de enriquecer o âmbito teológico cristão.
A Mariologia tradicionalmente sub-divide-se em Mariologia Histórica (estuda os dados históricos, sociais e afins que permitem conhecera figura histórica de Maria), Mariologia Bíblica (versa sobre os fundamentos bíblicos das afirmações sobre Maria), Mariologia "popular" (trabalha os dados que as devoções populares sobre Maria receberam da Tradição eclesiástica e vice-versa) e Mariologia Sistemática (aprofunda os dados da história, das Escrituras e da piedade sistematizando-os em coerência com as doutrinas cristológicas e eclesiológicas).

VIRGEM MARIA NOS CONCÍLIOS ECUMÊNICOS
A Virgem Maria nos Concílios Ecumênicos refere-se ao conjunto de citações doutrinárias e dogmáticas emitidas pelos concílios ecumênicos da Igreja Católica, que são a expressão máxima de seu magistério.
1) Éfeso (III Ecumênico – 431): aprova a doutrina de são Cirilo de Alexandria, que, propondo a fé sobre a união pessoal ou hipostática da natureza humana de Jesus Cristo com a pessoa divina do Verbo, daí concluía a verdade dogmática da maternidade divina de Maria (DS 250-264).
2) Calcedônia (IV Ecumênico – 451): "O único e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo […], foi gerado pelo Pai eternamente segundo a divindade, e o mesmo nos últimos tempos [foi gerado] por nossa causa e para a nossa salvação de Maria virgem, Mãe de Deus, segundo a humanidade" (DS 301).
3) Constantinopla II (V Ecumênico – 553): além de voltar a tratar do dogma da maternidade divina, incluiu também o dado da virgindade perpétua de Maria (cf. DS 422 e 427). Foi essa a primeira vez que um concílio chamou a Mãe de Deus de santa e sempre virgem.
4) Constantinopla III (VI Ecumênico – 680-681): ao definir as duas vontades e operações de Jesus Cristo, reafirmando a maternidade divina de Maria (cf. DS 555).
5) Nicéia II (VII Ecumênico – 787): definiu a liceidade do culto às imagens de nosso Senhor Jesus Cristo, de Maria Santíssima, a Mãe de Deus, e dos anjos e santos (cf. DS 600-601).
6) Constantinopla IV (VIII Ecumênico – 869-870): renovou a definição do culto às sagradas imagens do Salvador, de Maria Santíssima e dos santos (cf. DS 656).
7) Latrão IV (XII Ecumênico – 1215): reafirmou que Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi concebido, por obra do Espírito Santo, de Maria sempre virgem (cf. DS 801).
8) Lião II (XIV Ecumênico – 1274): reafirmou que o Filho de Deus nasceu do Espírito Santo e de Maria sempre virgem (cf. DS 852).
9) Florença (XVII Ecumênico – 1438-1445): reafirmou que o Filho de Deus assumiu a natureza verdadeira e íntegra de homem no seio imaculado de Maria Virgem e uniu-a a si em unidade de pessoa (cf. DS 1337); que na humanidade que assumiu da Virgem nasceu verdadeiramente (cf. DS 1338). Condenou Valentin, que afirmava que o Filho de Deus nada havia recebido da Virgem Mãe, porém, assumiu um corpo celeste e passou através do seio da Virgem como a água escorre por dentro de um aqueduto; e condenou também Ário, que afirmara que o corpo assumiu da Virgem era privado de alma e que no lugar da alma estava a divindade (cf. DS 1341-1342).
10)Trento (XIX Ecumênico – 1545-1563): no decreto sobre o pecado original, declarou que não era sua intenção incluir nele a santa e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus (cf. Sessão VI, DS 1516); afirmou que Maria Santíssima é considerada pela Igreja imune de toda culpa atual, ainda que mínima (cf. Sessão VII, DS 1573); renovou a afirmação da liceidade do culto das imagens de "Cristo, da Virgem Mãe de Deus e dos outros santos" (DS 1823).
11)Vaticano II (XXI Ecumênico – 1962-1965): no Capítulo VIII da Constituição Dogmática Lumen gentium, esclareceu qual o lugar da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da Igreja (cf. DS 4172-4179).
  
DOGMAS E DOUTRINAS MARIANAS DA IGREJA CATÓLICA

Os Dogmas e doutrinas marianas da Igreja Católica têm a sua fundação na visão central de que a Virgem Maria é a Mãe de Deus, devido a isso, a Igreja Católica sempre considerou Maria a figura mais importante do cristianismo e da salvação depois de Jesus Cristo e Santíssima Trindade, por conseguinte, a Igreja possui muitos ensinamentos e doutrinas em relação a sua vida e papel.
A Igreja Católica possuí uma disciplina específica para o estudo da pessoa, o papel e o significado da Virgem Maria, e sua veneração, esta é a disciplina da Mariologia. A doutrina mariana tem se desenvolvido ao longo de muitos séculos, e foi estudada e codificada pelos Concílios, bem como pelos principais teólogos das ordens religiosas e universidades marianas, Escolas Pontifícias, como a Marianum são especificamente dedicadas a este campo de estudo. No entanto, revelações marianas por indivíduos nem sempre são aceitos pela Igreja.


ENSINAMENTOS DOGMÁTICOS DA IGREJA CATÓLICA
A Perpétua Virgindade de Maria ensina que Maria é virgem antes, durante e depois do parto. Este dogma mariano é o mais antigo da Igreja Católica e Oriental Ortodoxa, que afirma a "real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito homem." Assim Maria foi sempre Virgem pelo resto de sua vida, sendo o nascimento de Jesus como seu filho biológico, uma concepção milagrosa.
No ano 107, Inácio de Antioquia já descrevia a virgindade de Maria. São Tomás de Aquino também ensinou esta doutrina (SummatheologiaeIII.28.2) que Maria deu o nascimento miraculoso sem abertura do útero, e sem prejuízo para o hímen. Esta doutrina já era um dogma desde o cristianismo primitivo, tendo sido declarada por notáveis escritores como São Justino Mártir e Orígenes. O Papa Paulo IV o reconfirmou no Cum quorundam de 7 de Agosto de 1555, no Concílio de Trento.
A definição como Mater Dei (em latim) ou Theotokos (em grego) foi afirmado por diversos Padres da Igreja nos três primeiros séculos, como Inácio (107), Orígenes (254), Atanásio (330) e João Crisóstomo (400). O Terceiro Concílio Ecumênico, realizado em Éfeso decretou esta doutrina dogmaticamente em 431. A visão contrária, defendida pelo patriarca de ConstantinoplaNestório era que Maria devia ser chamada de Christotokos, que significa "Mãe de Cristo", para restringir o seu papel como mãe apenas da natureza humana de Cristo e não da sua natureza divina.
Os adversários de Nestório, liderados por Cirilo de Alexandria, consideravam isto inaceitável, pois Nestório estava destruindo a união perfeita e inseparável da natureza divina e humana em Jesus Cristo, uma vez que em Cristo "O Verbo se fez carne" (João1:14), ou seja o Verbo (que é Deus - João 1:1) é a carne; e a carne é o Verbo, Maria foi a mãe da carne de Cristo e consequentemente do Verbo. Cirilo escreveu que "Surpreende-me que há alguns que duvidam que a Virgem santa deve ser chamada ou não de Theotokos. Pois, se nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, e a Virgem santa deu-o à luz, ela não se tornou a [Theotokos]?" A doutrina de Nestório foi considerada uma falsificação da Encarnação de Cristo, e por consequência, da salvação da humanidade. O Concílio aceitou a argumentação de Cirilo, afirmou como dogma o título de Theotókos de Maria, e anamatizouNestório, considerando sua doutrina (Nestorianismo) como uma heresia.
Maria foi concebida sem pecado original. Sua Imaculada Conceição relata que a concepção de Maria, a mãe de Jesus, foi feita sem qualquer mancha de pecado original, no ventre da sua mãe, assim desde o primeiro momento da sua existência, ela foi preservada por Deus do pecado que aflige a humanidade, pois ela é "sempre cheia de graça divina" ("kecaritwmenh" em grego, forma como foi chamada pelo Anjo Gabriel). Também relata que ela viveu uma vida completamente livre de pecado.
Hebreus 9,11 Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação: Cristo Nosso único salvador se encarnou através de que tabernáculo? Maria a mãe do Senhor, pois como diz a palavra não feito por mãos humanas, ou seja, não um tabernáculo de madeira, ouro , prata ou qualquer tipo de material. Mas uma criatura (Maria) que se torna a maior e mais perfeita (imaculada). Percebamos então que Maria é a virgem santa sem pecados.
A festa da Imaculada Conceição de Maria é celebrada em 8 de Dezembro, e foi definida inicialmente em 1476 pelo Papa Sixto IV. A Imaculada Conceição foi solenemente definido como um dogma pelo Papa Pio IX em sua constituição Ineffabilis Deus, em 8 de dezembro de 1854 como uma verdade infalível revelada pela orientação do Espírito Santo.
Muitos escritos dos Padres da Igreja, já defendiam também a Imaculada Conceição de Mariapois, uma vez que Jesus se tornou encarnado por meio da Virgem Maria, era adequado que ela estivesse completamente livre do pecado para exprimir o seu Filho. (Ott, Fund., BK 3, pt. 3, Ch. 2, § 3.1.e).
A Virgem Maria no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado ex cathedra pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, por meio da Constituição Munificentissimus Deus:
"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".
O Papa Pio XII deixou liberadamente em aberto se Maria foi elevada aos céus após sua morte ou ainda em vida.A Igreja Católica detém muitos outros ensinamentos sobre a Virgem Maria, dos quais muitos são tão relevantes como os ensinamentos acima definidos. Outros são antigos ensinamentos, cultos e celebrações, que sob a orientação infalível do Espírito Santo, são uma parte integrante do depósito de fé transmitida pela Igreja.
A devoção à Virgem Maria continua sendo ressaltada nos ensinamentos da Igreja Católica, por exemplo, na sua encíclica RosariumVirginisMariae, o Papa João Paulo II afirmou que foi inspirado pelos escritos de São Luís Maria de Montfort sobre a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria.

Maria é vista como mãe da Igreja e de todos os seus membros, ou seja, todos os cristãos, pois os cristãos na Bíblia são parte do corpo de Cristo, a Igreja. Eles, portanto, compartilham com Cristo a paternidade de Deus e também a maternidade de Maria. Mais uma vez, no Novo Testamento, (João 19. 26-27) o apóstolo João diz que Jesus na cruz é filho de Maria. Santo Ambrósio de Milão (338 - 397), um dos doutores da Igreja, já cita este título. O Catecismo da Igreja Católica afirma:
"A Virgem Maria... É reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor.... Ela é «claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja.»
Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e o homem. (1 Tim, 2,5). Ele sozinho conciliou o homem com Deus através da sua morte na cruz. Mas isso não exclui um papel secundário de Maria como medianeira, dependente de Cristo. O ensinamento que Maria intercede por todos os crentes e, especialmente, aqueles que pedem sua intercessão através da oração, remete aos primeiros séculos do cristianismo, por exemplo a oração Sub tuumpraesidium, escrita em grego aproximadamente em 250. Outra oração de Efrém da Síria (306-373) afirma: Depois do mediador, a medianeira de todo o mundo.
Corredentora (português) ou Co-Redemptrix (latim) refere-se a participação indireta de Maria no processo de salvação. Mesmo antes do ano 200, Ireneu de Lyon refere-se a Maria como "causa salutis" (causa de nossa salvação) devido ao seu filho. O ensinamento tornou-se universal desde o século XV, mas nunca foi declarado um dogma, embora petições para declara-ló (juntamente com Medianeira) dogmaticamente, tenham sido submetidos ao papa por vários cardeais e bispos, tornando-se assim o quinto dogma mariano aprovado pela Santa Sé.
O conceito de corredentora remete para uma participação indireta, mas importante da Virgem Maria na redenção, pois Maria deu à luz o Redentor (Jesus Cristo), que é o responsável por toda a redenção e salvação, assim ela foi mediadora de redenção. Os católicos creem que Cristo é o único Redentor da humanidade (1Tim 2,5), sendo que a própria Maria teve de ser redimida e resgatada por Jesus Cristo.
A doutrina de que a Virgem Maria foi coroada Rainha do Céu remonta ao início da Igreja, para escritores tais como Gregório de Nanzianzo, que afirma que Maria é "a Mãe do Rei do universo," e a "Virgem Mãe, de quem surgiu o Rei de todo o mundo",  Efrém da Síria já a considerava Rainha do Céu. A Igreja Católica muitas vezes vê Maria como rainha do céu, ostentando uma coroa de doze estrelas na Revelação. (Apocalipse 12, 1-5)
Muitos Papas homenagearam Maria com este título: Maria é a Rainha do Céu e da Terra, (Pio IX), Rainha do Universo (Leão XIII) e Rainha do Mundo (Pio XII). O fundamento teológico e lógico desses títulos repousa no dogma de Maria como a Virgem Mãe de Deus, que reina ao longo de todo o mundo, sendo celestialmente bem-aventurada com a glória de uma Rainha.
Certamente, no pleno e rigoroso sentido do termo, somente Jesus Cristo, o Deus-Homem, é Rei, mas Maria, também, como Mãe do divino Cristo, (...) tem uma participação, embora de forma limitada e de modo análogo, em sua dignidade real. A união radiante (...) que ela atingiu com Cristo transcende o de qualquer outra criatura; de sua união com Cristo ela recebe o real direito de dispor dos tesouros do Divino Redentor do Reino, de sua união com Cristo finalmente é derivada a inesgotável eficácia de sua materna intercessão do Filho e do seu Pai.
Este ensinamento segue o precedente bíblico da antiga Israel, cuja monarquia, segundo o cristianismo, passou para Jesus. Ele será grande e será chamado o Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. (Lucas 1:32) No Antigo Testamento os reis de Israel e Judá, como Davi ou Salomão possuíam muitas esposas. O título de Rainha, portanto, não era concedido a qualquer mulher do rei, mas para a mãe do rei. (1 Reis 2 17-21, 1 Reis 15:13, Jeremias 13:18). A Rainha Mãe era conhecida em hebraico como gebirah. Uma vez que Jesus é o rei celestial, da linhagem de Davi e Salomão, Maria se tornou Rainha-Mãe.
Há ensinamentos e tradições específicas como Atos de Reparação, ou seja, orações à Virgem Maria para os insultos que ela sofre. O missal Católico Raccolta (aprovada por um decreto de 1854, e publicado pela Santa Sé em 1898) inclui estas orações.
Estas devoções e orações não envolvem um pedido para si ou para um falecido, mas destinam-se a reparar os pecados dos outros contra a Virgem Maria.

Maria na vida da Igreja e de cada cristão
O Concílio Vaticano II, situando-se na linha da Tradição, projetou uma nova luz sobre o papel da Mãe de Cristo na vida da Igreja. "A bem-aventurada Virgem Maria ... pelo dom da maternidade divina, que a une com o seu Filho Redentor, e ainda pelas suas graças e funções singulares, encontra-se também intimamente unida à Igreja: a Mãe de Deus é a figura da Igreja... e isso, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo". Maria permanece desde o princípio com os Apóstolos, enquanto esperam o Pentecostes, e que, sendo a "feliz porque acreditou", de geração em geração ela está presente no meio da Igreja que faz a sua peregrinação na fé, sendo para ela igualmente modelo da esperança que não decepciona (cf. Rom 5, 5).
Maria acreditou que se cumpririam aquelas coisas que lhe tinham sido ditas da parte do Senhor. Como Virgem, acreditou que conceberia e daria à luz um filho: o "Santo", ao qual corresponde o nome de "Filho de Deus", o nome de "Jesus" (= Deus que salva). Como serva do Senhor, permaneceu perfeitamente fiel à pessoa e à missão deste seu Filho. Como Mãe, "pela sua fé e obediência... gerou na terra o próprio Filho de Deus, sem ter conhecido homem, mas por obra e graça do Espírito Santo".
Por estes motivos "Maria ... é com razão honrada pela Igreja com culto especial; ... já desde os tempos mais antigos, a Santíssima Virgem é venerada com o título de "Mãe de Deus" e sob a sua proteção se acolhem os fiéis, que a imploram em todos os perigos e necessidades", Este culto é absolutamente singular: contém em si e exprime aquele vínculo profundo que existe entre a Mãe de Cristo e a Igreja. Como virgem e mãe, Maria permanece um "modelo perene" para a Igreja. Pode, portanto, dizer-se que sobretudo sob este aspecto, isto é, como modelo ou, melhor, como "figura", Maria, presente no mistério de Cristo, permanece também constantemente presente no mistério da Igreja. Com efeito, também a Igreja "é chamada mãe e virgem"; e estes nomes têm profunda justificação bíblica e teológica.
A Igreja "torna-se mãe... pela fiel recepção da palavra de Deus" Como Maria, que foi a primeira a acreditar, acolhendo a palavra de Deus que lhe foi revelada na Anunciação e a ela permanecendo fiel em todas as provações até à Cruz, assim também a Igreja se torna mãe quando, acolhendo com fidelidade a palavra de Deus, pela pregação e pelo batismo, gera para uma vida nova e imortal os filhos, concebidos por obra do Espírito Santo e nascidos de Deus". Esta característica "materna" da Igreja foi expressa dum modo particularmente vívido pelo Apóstolo das Gentes, quando escreveu: "Meus filhinhos, por quem sofro novamente as dores de parto, até que Cristo não se tenha formado em vós"! (Gál 4, 19). Nestas palavras de São Paulo está contida uma indicação interessante: da consciência que tinha a Igreja primitiva da função maternal, que andava ligada ao seu serviço apostólico entre os homens. Tal consciência permitia e constantemente permite à Igreja encarar o mistério da sua vida e da sua missão à luz do exemplo da mãe do Filho de Deus, que é "o primogénito entre muitos irmãos" (Rom 8, 29).
Ao mesmo tempo, a exemplo de Maria, a Igreja permanece a virgem fiel ao próprio Esposo: "Também ela é virgem, que guarda íntegra e pura a fé jurada ao Esposo", A Igreja, de fato, é a esposa de Cristo, como resulta das Cartas paulinas (cf. Ef5, 21-33; 2 Cor 11, 2) e da maneira como São João a designa: "a Esposa do Cordeiro" (Apoc 21, 9). Se a Igreja como esposa "guarda a fé jurada a Cristo", esta fidelidade, embora no ensino do Apóstolo se tenha tornado imagem do matrimónio (cf. Ef5, 23-33), possui também o valor de ser o tipo da total doação a Deus no celibato "por amor do Reino dos céus", ou seja, da virgindade consagrada a Deus (cf. Mt 19, 11-12; 2 Cor 11, 2). Esta virgindade precisamente, a exemplo da Virgem de Nazaré, é fonte de uma especial fecundidade espiritual: é fonte da maternidade no Espírito Santo.
A dimensão mariana da vida de um discípulo de Cristo exprime-se, de modo especial, precisamente mediante essa entrega filial em relação à Mãe de Cristo, iniciada com o testamento do Redentor no alto do Gólgota. Confiando-se filialmente a Maria, o cristão, como o Apóstolo São João, acolhe "entre as suas coisas próprias" a Mãe de Cristo e a introduz em todo o espaço da própria vida interior, isto é, no seu "eu" humano e cristão: "levou-a para sua casa". Assim procura entrar no âmbito de irradiação em que se atua aquela "caridade materna", com que a Mãe do Redentor "cuida dos irmãos do seu Filho", para cuja regeneração e formação ela coopera", segundo a medida do dom próprio de cada um, pelo poder do Espírito de Cristo. Assim se vai atuando também aquela maternidade segundo o Espírito, que se tornou função de Maria aos pés da Cruz e no Cenáculo.
Durante o Concílio, o Papa Paulo VI afirmou solenemente que Maria é Mãe da Igreja, "isto é, Mãe de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos Pastores". Mais tarde, em 1968, na Profissão de Fé conhecida com o nome de "Credo do Povo de Deus", repetiu essa afirmação de forma ainda mais compromissiva, usando as palavras: "Nós acreditamos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu a sua função maternal em relação aos membros de Cristo, cooperando no nascimento e desenvolvimento da vida divina nas almas dos remidos".
O magistério do Concílio acentuou que a verdade sobre a Virgem Santíssima, Mãe de Cristo, constitui um subsídio eficaz para o aprofundamento da verdade sobre a Igreja. O mesmo Papa Paulo VI, ao tomar a palavra a propósito da Constituição Lumen Gentium, que acabava de ser aprovada pelo Concílio, disse: "O conhecimento da verdadeira doutrina católica sobre a Bem -aventurada Virgem Maria constituirá sempre uma chave para a compreensão exata do mistério de Cristo e da Igreja", Maria está presente na Igreja como Mãe de Cristo e, ao mesmo tempo, como a Mãe que o próprio Cristo, no mistério da Redenção, deu ao homem na pessoa do Apóstolo São João. Por isso, Maria abraça, com a sua nova maternidade no Espírito, todos e cada um na Igreja; e abraça também todos e cada um mediante a Igreja. Neste sentido, Maria, Mãe da Igreja, é também modelo da Igreja. Esta, efetivamente - como preconiza e solicita o Papa Paulo VI - deve ir "buscar na Virgem Mãe de Deus a forma mais autêntica da perfeitaimitação de Cristo".

Organizador
Pe. José Erlando de Sousa Carvalho

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